Carlos Tomás, Artesão de Coimbra e hoje com 70 anos, tinha apenas 11 anos quando foi trabalhar para a Antiga Cerâmica de Conimbriga, em 1965. Até ao início da década de 80, passou por muitas outras fábricas, onde assumiu a função de “encarregado”. Em 1984, decide estabelecer-se por conta própria e abre uma fábrica de cerâmica, em São Martinho do Bispo, em Coimbra. Mais tarde, e mantendo a fábrica, estabelece-se também no número 4 do largo da Sé Velha, onde expõe e vende milhares de peças de cerâmica artística, com principal enfoque na Louça de Coimbra ou os chamados pratos “Ratinhos”.
A louça “ratinho” (a verdadeira “louça de Coimbra”), surgiu no século XIX, e era produzida na região das Beiras, por famílias pobres que iam trabalhar para “os senhores do campo”, no Ribatejo e no Alentejo. Era lá que trocavam a faiança popular, que levavam consigo, por agasalhos. E é por isso que esta cerâmica, já considerada a mais bonita do mundo, é popularmente conhecida como “troca trapos”.
No número 4 do Largo da Sé Velha, os olhos perdem-se entre os pratos, os alguidares, as tigelas, os galheteiros, os candeeiros, entre muitas outras peças, decoradas com peixes, aves, elementos vegetais, lavradores, músicos, pescadores e pastores, entre outros motivos, pintados minuciosamente à mão. E é muito provável que, ao visitar a loja, encontre o Sr. Carlos a pintar louça ratinha, “ao vivo e a cores”. São as suas bonitas peças que decoram e dão vida a várias paredes do Hotel Oslo. Coimbra chegou a ter dezenas de olarias espalhadas pela Baixa. Hoje, o Sr. Carlos e os seus três funcionários, serão os únicos a preservar uma atividade que fez parte da história de Coimbra, durante séculos.