Zeca Afonso, um dos mais emblemáticos compositores e cantores da canção de Coimbra, nasceu em 1929, em Aveiro. Chega a Coimbra com apenas 11 anos de idade e foi aqui que fez o liceu e frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
A sua forte ligação à cidade dos estudantes fica marcada pela sua irreverência em relação às tradições académicas, pelo percurso musical que fez durante as mais de duas décadas que viveu na cidade e pelo contributo que deu à canção de Coimbra. Zeca Afonso integrou o Orfeon Académico de Coimbra e a Tuna Académica da Universidade de Coimbra, onde já se revelava um excelente intérprete da Canção de Coimbra e onde, ainda hoje, é cantado e lembrado. Entre 1962 e 1968, Zeca Afonso cria as primeiras músicas de intervenção e, com o amigo e guitarrista Rui Pato, percorre o país com espetáculos onde a canção representava uma arma contra a ditadura salazarista que se vivia na altura. Zeca protagonizou, assim, uma intervenção política e musical ímpar, convertendo-se num símbolo da resistência contra a ditadura de Salazar. Foi, várias vezes, preso pela PIDE. Em 1971, edita “Cantigas do Maio”, álbum que inclui a célebre canção “Grândola Vila Morena”, música que viria a ser “a senha do Movimento das Forças Armadas no golpe de 25 de Abril de 1974, permanecendo como uma das músicas mais significativas do período revolucionário”.
Após o 25 de Abril de 1974, Zeca continua a defender a liberdade através do apoio a vários movimentos, em Portugal e no Estrageiro, e retoma a sua carreira de Docente. Foi nos Coliseus de Lisboa e do Porto que deu os seus últimos espetáculos, em 1983. Acabou por falecer em 1987, vítima de esclerose lateral amiotrófica.
Em Coimbra, dois dos locais onde Zeca Afonso viveu estão identificados, em jeito de homenagem: no mítico largo da Sé Velha, um dos edifícios expõe dois pequenos azulejos “Nesta Casa viveu o trovador da Liberdade, José Afonso (o Zeca)”; e o número 110 da Avenida Dr. Dias da Silva está devidamente assinalado “no 2º andar deste prédio viveu de 1940 até finais da década, o estudante e cantor José Afonso“.